A educação ocidental, incluindo a brasileira, ancora-se no mercado, no dinheiro, na materialidade, e não no desenvolvimento emocional e espiritual da pessoa.
Além disso, como a sexualidade é, no geral, um tabu para a sociedade, ela não é conversada, falada, desenvolvida.
Uma das mais graves consequências disso é que se aprende a fazer sexo segundo vias nefastas ou não saudáveis, tais como a pornografia, com pessoas imaturas nesta área, como é o caso de muitos amigos e amigas e mesmo de pais ou parentes. Ou seja, na maioria das vezes, forma-se um círculo parecido ao de “cegos guiando cegos”.
A minha experiência pessoal certamente é similar à da maioria dos homens de minha geração e de outras gerações. Aprendemos sobre o que era sexo a partir de vídeos pornôs e relacionamentos veiculados pela televisão. Essa aprendizagem não poderia ter sido pior, pois valores extremamente machistas referenciavam e continuam referenciando estes programas, vídeos, novelas. Também aprendemos sobre esses assuntos com amigos que sempre comunicavam, verbalmente ou não, que o comportamento correto para um homem ser respeitado, ser forte, ter valor, era ficar com a maior quantidade de mulheres possível, e transar com elas sem se apegar, sem demonstrar interesse.
Na atualidade, mesmo com a enorme disponibilidade de instrumentos e de possibilidades de se adquirir conhecimentos, informações, são raras as situações em que os temas sexo e sexualidade são tratados de forma sábia. A internet é farta no que diz respeito a troca ou venda de textos, vídeos, blogs. Mas as pessoas, no geral, continuam buscando orientações sobre como agir em torno destes assuntos da pior maneira possível. Elas tendem a se apegar no modelo padrão, e se por acaso a criança ou adolescente busca os pais para esclarecimentos, a tendência ainda vai no sentido de encontrarem uma quantidade enorme de desinformação, de repressão, de falta de sabedoria. Porque, em sua maioria, os pais também não sabem o que fazer ou dizer; ainda vivem como miseráveis na área sexual.
O estímulo para escrever esse texto foi a leitura do depoimento de uma adolescente que queria aprender sobre sexo e para tanto, buscou vídeos e filmes pornôs. É compreensível a busca desse caminho. Esta prática já vem acontecendo há décadas, como se deu comigo. Ela provavelmente não tinha segurança para perguntar a praticamente ninguém; os pais não transam, ou se transam nunca falam a respeito; a amiga fala de forma superficial e se ela perguntar, sobre machismo, preconceito, ela vai, muito possivelmente, ser julgada, criticada, mal interpretada por quem quer que seja. Então, o caminho mais fácil passa a ser a procura de soluções e de situações nas quais ela não se sinta discriminada. Ao contrário, o desejo é o de ser aceita por todos e todas. Afinal, pornografia na internet é segura, não há o risco de ser vista, não há necessidade de se dar explicações constrangedoras. A adolescente procura no silêncio e na segurança do seu quarto, como fazer aquilo que todos querem fazer, mas ninguém entende e nem fala sobre o assunto de forma clara, leve, aberta.
Mas por que a pornografia é tão ruim?
Pode ser indicada uma quantidade enorme de motivos que esclarecem porque a pornografia é ruim. A seguir, serão citadas algumas, as quais estão mais direcionadas aos homens, mas também valem para as mulheres.
– O cérebro tende a se acostumar a ser ativado somente por aquele tipo de imagem que é aí veiculado. Portanto, alguns problemas sexuais como impotência podem ser ocasionados pela pornografia excessiva, pois na vida real o que acontece não é igual ao que acontece na tela.
– Os homens passam a ter a expectativa de que as mulheres do dia a dia se comportem como as atrizes, e na medida em que aquelas não reproduzem o comportamento dessas no vídeo, eles tendem a perder o interesse em suas mulheres reais.
– O prazer sexual pode decrescer, pois as expectativas geradas pelos vídeos que são assistidos não se concretizam na vida real, causando sofrimento e diminuindo a libido.
– O machismo se fortalece, pois na maioria dos vídeos e filmes pornôs, as mulheres são tratadas como objeto e quase sempre se encontram em uma posição de submissão ao homem, de forma exagerada inclusive, e não raras vezes, a violência faz parte da cena.
-A sensibilidade diminui, pois na pornografia a penetração é quase sempre agressiva e somente os órgãos genitais são tocados. Ademais, o objetivo é que a câmera tenha a melhor posição para as gravações das cenas ficarem melhores.
– A prática pode viciar, e ao se tornar um vício, muito tempo da vida útil passa a ser dedicado a ela.
– A intimidade e a conexão entre os(as) parceiros(as) são secundarizados, intensificando-se a superficialidade das relações.
– Valorização do sexo sem sentimento.
– Caso exista algum problema emocional, a pornografia tende a mascará-lo, como acontece com qualquer vício.
Bem, finalmente resta a pergunta: quais fontes buscar para o entendimento, desenvolvimento da sexualidade?
Se procurar bem existem livros, textos, palestras e cursos que falam sobre esse assunto, o tantra é um desses caminhos, e super recomendo pois ele é uma energia feminina e sendo assim é o contrário do que a pornografia oferece, o tantra desenvolve a sensibilidade, o carinho, o tempo com o parceiro, a intimidade, olho no olho, conexão e muitas outras possibilidades.
E quais princípios e conceitos novos seriam dados nessa nova visão sobre a sexualidade?
Trata-se de uma literal revolução, pois tudo muda. Pode ser pensado como um portal de grandes e novas possibilidades para se encarar o(a) parceiro(a), a sexualidade, a vida.
Altera-se o entendimento sobre o que é o carinho, intimidade, conexão, prazer, sexualidade. Esses conceitos ganham um novo patamar, novos valores. As pessoas que iniciam as práticas no tantra geralmente comentam que o patamar de escolha dos parceiros eleva-se muito.
O tempo dedicado ao carinho cresce; melhora a intenção do toque; o olhar se torna mais profundo; a expressão das emoções é valorizada; o prazer é distribuído pelo corpo todo; a sensibilidade para o prazer cresce; a autoconfiança melhora e o respeito próprio também; passa-se a não aceitar mais comportamento abusivo; os limites do prazer são bastante incrementados; a libido aumenta; a ejaculação e o orgasmo passam a não ser mais o objetivo final.
Finalizando, pode ser indicado um filme que mostra, em parte, o lado negativo da pornografia: “Como não perder essa mulher”. Nesse fica claro como a pornografia pode atrapalhar a vida de uma pessoa, no contexto social, sexual, emocional.
Muito bom o material, parabéns! Adorei!
Obrigada Elder.